Como foi minha experiência e emoção ao ver a Aurora Boreal

Uma viagem é sempre um novo desafio, ainda mais quando estamos em busca de ver a Aurora Boreal.

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Para realizar esse sonho, as cidades escolhidas para a nossa viagem foram Tromso na Noruega e Kilpisjarvi na Finlândia. Nossa ideia era ver a Aurora 2 dias em Tromso, 2 dias em Kilpisjarvi e depois mais 2 dias em uma fazenda próxima a Tromso. Estava tudo preparado, carro alugado, roupas e acessórios comprados e o desejo imensurável dentro de nós de conhecer a Aurora.

No primeiro dia, saímos às 7h da noite, voltamos às 3h da manhã e nada de ter esse encontro com a Aurora Boreal. No segundo, dia a mesma coisa e NADA das luzes aparecerem. Já estávamos contando com a possibilidade de fecharmos um pacote com alguma agência para tentarmos ver a Aurora, pois achávamos que alguma coisa estava errada.

Era dia 30 de dezembro, fomos de Tromso até Kilpisjarvi em uma viagem de mais de 3 horas em que dirigi na chuva, nevasca, vento e em que decidimos que tentaríamos mais um dia por conta própria. Chegando no chalé pelas 4 da tarde pegamos a chave, descarregamos as coisas, ligamos a lareira e fomos nos arrumando para mais um dia de caça.

Nosso destino seria voltar para Noruega e tentar alguma coisa por lá, porém depois de alguns minutos dirigindo, começamos a ver algumas vans passando por nós no sentido contrário. Não pensamos duas vezes e começamos a seguir as vans. Elas estavam entrando mais em Kilpisjarvi usando a estrada E8.

Depois de uns 25 minutos dirigindo, meu marido dá um grito, eu levo um susto e freio com tudo o carro. Era ela. Era a Aurora no céu!!!!! Bem tímida, ela se mostrou como um véu verde claro no céu. Estacionei melhor o carro, tiramos nosso equipamento fotográfico e meu marido até tentou fazer uma fogueira, mas não deu muito certo.

Em uns 2 minutos aquele véu sumiu, e ainda não era aquilo que queríamos ver. Decidimos então dirigir um pouco mais. Achamos um bom lugar para estacionar onde tinham mais 2 vans esperando para ver a Aurora. Em pouco menos de 5 minutos pudemos ver em vez de um, vários véus! Nessa noite o espetáculo durou 1 hora +-.

No dia seguinte a tardinha saímos para desbravar o vilarejo, não fomos muito longe, pois o frio era intenso e estávamos cansados. Brincamos um pouco na neve, tiramos algumas fotos e fomos ao único mercado da cidade para comprar os itens para nossa ceia de virada de ano.

Lá pelas 7h da noite, meu marido sai do chalé para ver se o céu está aberto… Ele gritou me chamando e, sim, mais um vez ela estava sob a nossas cabeças. Neste dia não precisamos nem pegar o carro.

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A cada minuto que passava o espetáculo ia se intensificando, ela ia ficando mais forte, ia dançando e mudando de cor. Algo inexplicável e indescritível. Vimos a Aurora verde e rosa, o sentimento de gratidão estava tomando nossos corações de uma maneira tão intensa que não parávamos de olhar para o céu, de gritar “olha lá a Aurora fazendo isso”, “olha ela se mexendo rápido ali”, “amor, a cor dela está rosaaa” e assim foi, quase toda noite.

Tivemos o privilégio de entrar no nosso chalé, fazer nossa janta e “esnobar” por alguns minutos o espetáculo lá fora. Poucos minutos antes da virada, fomos para fora mais uma vez e ela continuava dando o ar da graça.

A meia noite, se misturavam no céu os fogos e as cores das luzes do norte. Nesta noite foi até difícil de acreditar que estávamos vivendo aquele momento. Foi uma noite para nunca mais nos esquecermos e para fechar com chave de ouro a estadia na Finlândia.

No dia seguinte fomos até a fazenda na Noruega, no meio do “quase” nada, com cavalos, carneiros e um fiorde incrível na nossa frente. Estava tudo ao nosso alcance para termos mais 2 noites incríveis. Enquanto a noite não chegava, nós nos arriscamos no frio para contemplarmos a beleza do lugar e tirarmos mais algumas fotos.

À noite, o pai do céu não nos desapontou, e por mais um dia seguido as luzes pairavam sobre as nossas cabeças.

Não há maneira melhorar de se começar o ano. Nos sentimos muito abençoados! Podemos até dizer que na última noite já éramos amigos íntimos das luzes do norte, entendíamos de onde ela poderia nascer, qual era o melhor ângulo para capturar sua dança, onde ela se esconderia…

O fato de você não precisar “caçar” a Aurora, e somente sair de casa para vê-la ajuda muito! É mais fácil de montar os equipamentos fotográficos, mais tranquilo se proteger do frio e se alimentar. Minha dica é você se hospedar em lugares mais remotos, sem muita incidência da luz da cidade; assim o sucesso é quase garantido. Nós não aproveitamos quase nada o entorno das cidades, a busca noturna nos cansava muito, então aproveitávamos para descansar, buscar dicas na internet sobre a aurora boreal e comer!

São tantos detalhes e informações que eu poderia escrever linhas e mais linhas. Mas caso algum de vocês tenha dúvidas ou queira saber um pouco mais sobre a viagem é só me contatar pelo Instagram.

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Sem dúvida essa foi a experiência mais incrível da minha vida, e seria muito egoísmo guardar tudo isso só pra mim!

Antes de viajar, você precisa saber que

  • É frio rsrs. Sim, o frio pode chegar a -20ºC dependendo da sua localização e se você não se preparar para isso, você pode estar desperdiçando toda sua expedição;
  • A Aurora Boreal acontece no extremo norte do mundo e não são todos os meses que conseguimos vê-la. Ela aparece de setembro a março, aproximadamente, e alguns meses são melhores para ver que outros;
  • Os países escandinavos são alguns dos mais caros do mundo, então, caso você queira fazer uma viagem com o cunho gastronômico, prepare o bolso, caso contrário, vá se acostumando com a ideia de comprar coisas no mercado e preparar as refeições no lugar em que se hospedou;
  • Para se ter uma ideia, uma expedição em excursões para caçada a aurora custa em média R$400,00 por pessoa por noite, podendo você encontrar a Aurora ou não; assim, vale muito a pena você alugar um carro;
  • Tirar uma foto com as luzes do norte não é uma tarefa muito fácil. Não é qualquer máquina que consegue captar esse fenômeno. Você precisa regular o tempo que exposição (de 15 a 30 segundos), ter uma lente de preferência grande angular com uma boa abertura (f/2.8) e com regulagem de ISO. Hoje em dia tem até celulares que conseguem regular essas configurações, mas lembrando que a foto precisa estar bem estática, então nada de tirar a foto com as mãos, é preciso um tripé ou um apoio fixo;
  • Na época em que fomos, dezembro/janeiro, o céu fica encoberto várias vezes no dia e você tem no máximo 4 horas de claridade do seu dia. Isso mesmo, claridade, sem ver o sol, somente sua luz, então isso desregula o fuso um pouco, mas vale a pena.

Itens indispensáveis que levamos

  • Segunda pele para se colocar por baixo das roupas. Literalmente uma segunda pele, pois usamos todos os dias e é impossível ficar sem. Na Decathlon você encontra a preços acessíveis;
  • Toucas, tampões de ouvido, golas em fleece, cachecóis, luvas térmicas (aquelas de lã não funcionam, precisa ser uma pro frio mesmo), meias térmicas (usávamos sempre duas camadas de meias);
  • Botas para a neve que sejam impermeáveis e à prova de frio. Você vai usá-las todos os dias, então apesar de serem caras, vale a pena o investimento;
  • Casacos e calças impermeáveis e corta vento. Um dia a 4 graus negativos sem vento é um dia totalmente diferente de 4 graus negativos com vento. O vento potencializa o frio umas 4 vezes;
  • Manteiga de cacau (extremamente importante);
  • Pacotes de 5cmx 5cm chamados de “heat packs” que esquentam quando chacoalhamos. Foram muito úteis para colocarmos dentro das luvas e calçados. O calor dura umas 4 horas;
  • Tripé da marca Manfrotto que chega a 1,6m de altura, e aguenta tranquilamente câmeras DSLR;
  • Câmera Nikon D7100 com um lente Tokina 11-16mm f/2.8 grande angular;
  • Lanterna, pois as noites são muito escuras quando não se tem a lua para auxiliar.

Lugares em que nos hospedamos

  • Usamos duas vezes o Airbnb:
  • Os dois primeiros dias em Tromso ficamos na “casa rosa”, bem perto do aeroporto da cidade
  • Nos dois últimos dias ficamos na encantadora “fazenda” a 50min de Tromso
  • Para o chalé da Finlândia entramos em contato com o dono pelo Facebook e reservamos por lá mesmo sem pré-reserva, sem cartão de crédito nem nada, só com a “palavra”.

E essa foi uma aventura, uma realização de um sonho que jamais será esquecido!